CRIANÇAS REFUGIADAS

Um apelo ao nosso bom senso


PASCOM MATRIZ DE SANTO ANDRÉ - SP
POR ROSINHA MARTINS 
DE SANTO ANDRÉ - SP

70,6% mi vivem em situação de migração e refúgio dos quais 52% são crianças. O que podemos e devemos fazer por elas ?

Elas se encontram em campos de refúgios insalubres, centros de detenções, em serviços forçados, nas ruas, em situações várias de vulnerabilidade. Todos os direitos lhes são negados por um sistema capitalista que produz e descarta imigrantes e refugiados em todo o mundo. São crianças, de 0 -18 que, sob a tutela dos pais ou não, em todos os continentes, se vêm obrigadas a deixar sua casa ainda em tenra idade.

Em Bangladesh crianças rohingyas convivem com situações de violência entre adultos, dividem espaços do campo com ratos, fezes, doenças.

Na Grécia, o campo de refugiados de Mória, na ilha de Lesbos tem chamado a atenção do mundo nos últimos dias pelo aumento do número de crianças que tentam tirar a própria vida. Se mutilam, voltam a fazer xixi na cama, tentam se suicidar.

Na Suécia, crianças refugiadas entram em estado de coma por meses e até anos, até seus pais não consigam vistos de permanência. Especialistas como neurologistas, psiquiatras, denominaram o caso de 'síndrome da resignação'. Os motivos das travessias só mudam de endereço porque as razões são as mesmas: as guerras, a violência entre gangues, maus-tratos na família, fome e miséria as impedem de crescer de forma saudável e alimentar sonhos.

Fato é que essas crianças vivem uma situação de estresse anti-imigração durante e pós-migração, difíceis de enfrentar. São mutiladas ao ter que deixar o ambiente onde nasceram, enquanto migram experimentam as inseguranças da travessia, o frio, o calor, a fome, a dor, o sofrimento, torturas. Após, se encontram em lugares nada saudáveis que favorecem seu aniquilamento, pela insalubridade, falta de escola, de saúde, dentre outros. Para crescer de forma saudável, a criança que passa por este processo de mutilação da identidade, da cultura, da vida, precisa encontrar no outro território as mínimas condições para superar as dores psíquicas e físicas que a imigração lhes impôs: um ambiente onde ela possa brincar, crescer adequadamente. Estamos todos nós imersos neste sistema capitalista escravocrata que nos obriga a manter a sua sobrevivência. Portanto, assim como o alimentamos, muitas vezes, de maneira inconsciente, somos chamados, a, de forma consciente, ajudar, proteger, promover, acolher e integrar as crianças filhas do Capital: imigrantes, refugiadas, indefesas, vulneráveis a todo tipo de exploração (religiosa, econômica, sexual, etc).

As crianças nas condições de imigrantes e refugiadas são um apelo à nossa sensibilidade, ao nosso bom senso, ao nosso espírito religioso para que lutemos por elas e contra a sociedade desigual e injusta na qual vivemos.



Foto: JcPatias - Crianças indígenas da Venezuela, em Boa Vista-RR.
Foto: JcPatias - Crianças indígenas da Venezuela, em Boa Vista-RR.