MATÉRIA DE CAPA

04/09/2020

SETEMBRO MÊS DA BÍBLIA - ABRA TUA MÃO PARA O TEU IRMÃO

PASCOM MATRIZ DE SANTO ANDRÉ - SP
POR MARIA CECÍLIA GIORDAN C SARINHO 
DE SANTO ANDRÉ - SP

O mês de setembro, no Brasil, é dedicado à Bíblia, desde 1971. É um mês propício ao seu estudo, contemplação e a um maior aprofundamento da Palavra de Deus.

Neste ano, o livro escolhido para reflexão é o Deuteronômio, com o lema "Abre a mão para o teu irmão" (Dt 15,11).

O livro do Deuteronômio traz reflexões morais e éticas, além de normas nas quais deveremos nos pautar nas nossas relações pessoais com Deus e com o nosso próximo.

Traz uma série de leis, escritas de forma simples, sendo compatível com a linguagem do campo, com a linguagem utilizada pelos povos que viviam à época em que foi escrito.

Mas como podemos relacionar um versículo do Deuteronômio, livro do Antigo Testamento, com os dias atuais?

O Deuteronômio preocupa-se com a promoção da justiça e solidariedade com os pobres, o órfão, a viúva e o estrangeiro.

"Nunca faltarão pobres na terra e por isso dou-te essa ordem: abre tua mão ao teu irmão necessitado ou ao pobre que vive em tua terra".

Sem dúvida alguma, este é um dos versículos que mais se aplica à nossa atualidade.

Quantos necessitados e pobres vivem em nossa terra?

O número de refugiados no Brasil, no início do ano, era de 43.000, sendo 90% deles venezuelanos. Um número ainda mais alarmante é o dos brasileiros que vivem em extrema pobreza - são 13,5 milhões de pessoas que recebem R$ 145,00 como subsídio mensal. Muitas dessas pessoas são chefes de numerosas famílias.

Infelizmente, uma das coisas mais tristes que vemos em nosso dia a dia é a falta de empatia, de solidariedade com o próximo. As pessoas, cada vez mais, parecem querer viver em seus próprios mundos, em sua realidade, sem olhar para o irmão necessitado.

A oração é importante; a fé é fundamental. Mas será que nos servem apenas as orações e a fé em Deus sem nosso gesto concreto? "Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras" (Tg 2, 18).

Jesus pregou, evangelizou, ensinou sobre o Pai, sobre o amor, sobre a fé. Mas Jesus, em momento algum, deixou de agir. Foi até mesmo duramente criticado por curar em dia de sábado. Jesus nos ensinou a amar e a estender nossa mão ao próximo.

E a carência dos nossos irmãos não se resume à necessidade material. Sem dúvidas, lhes falta o alimento, a roupa, a moradia. Precisamos dividir, ofertar um pouco do que Deus nos deu, aos mais necessitados. Mas essas pessoas precisam do nosso carinho, do nosso amor.

Abrir a mão para nosso irmão é dividir o pão e multiplicar o amor. Estender a mão é ajudar nosso irmão na busca por um emprego e fazê-lo enxergar seus valores. Abrir a mão para o nosso próximo é contribuir para que ele tenha vida digna e respeitá-lo em sua dignidade.

As leis que são trazidas no livro do Deuteronômio são, portanto, perfeitamente aplicáveis aos nossos dias, lembrando que a lei deve estar em favor da vida. Em favor dos mais pobres, dos mais necessitados, em favor do órfão, em favor do estrangeiro.

Que setembro traga a consciência da importância de vivermos como verdadeiros irmãos na união, na partilha do pão, no semeio do amor.