REFLEXÃO BÍBLICA

04/09/2020

CONHECENDO O LIVRO DE DEUTERONÔMIO

PASCOM MATRIZ DE SANTO ANDRÉ - SP
POR HENRIQUE SELLI DEBONE 
DE SANTO ANDRÉ - SP

"Deus disse a Moisés: 'Eu sou aquele que sou'. E continuou: 'Você dirá assim aos filhos de Israel: 'O 'Eu-Sou' me enviou a vocês'." (Ex 3, 14) Com essas palavras, Deus se apresenta a Moisés, usando o verbo "SER".

Deus não existe, Ele é. É o princípio e o fim, o alfa e o ômega, é o ser de todas as coisas, o motor imóvel que move nossas vidas. Deus é a causa primeira de tudo que já foi criado: "Um só Deus, Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis". Se Deus é, eu sou para Deus, criatura criada ao serviço dEle. Não me pertenço, mas pertenço a Ele.

Esse é um dos grandes mistérios de nossa humanidade. E nesse ponto não estou ainda falando de fé, pois pela própria razão podemos chegar a esta verdade, de que ao assumir um Deus criador de todas as coisas, entendemos que o sentido da criação está nEle, e não na própria criatura. Com efeito, toda criatura deve o culto e a adoração ao Deus verdadeiro.

Deus, no livro do Êxodo, se apresenta como aquele que é, o verbo criador de tudo, e sendo o ser de todas as coisas, Ele, com sua mão poderosa, tira da escravidão do Egito o povo eleito. Através de muitos milagres e prodígios, o povo é libertado para que se cumpra a promessa a Abraão, Isaac e Jacó.

Uma vez liberto da escravidão, o povo de Deus estaria apto a entrar na terra prometida. Porém, por dureza de coração e medo não estava pronto. Quarenta anos no deserto foram necessários para entrar na terra prometida, um período de provação e purificação, um período onde Deus transmite a lei ao seu povo, uma lei de libertação dos corações e de perseverança para superar as dificuldades do deserto, pois, somente pela Palavra de Deus, os israelitas puderam perseverar para chegar à terra prometida.

"Cuidai de guardar todos os mandamentos que hoje vos ordeno, para que vivais, vos multipliqueis e entreis na posse da terra que o Senhor, com juramento, prometeu a vossos pais. Lembra-te de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te conduziu nesses quarenta anos, no deserto, para te humilhar e te pôr à prova, e para conhecer o que estava em teu coração, se observarias ou não os seus mandamentos. Ele te humilhou, te fez passar fome, te deu de comer o maná, que nem tu, nem teus pais conheciam, para te mostrar que não só de pão vive o homem, mas de tudo que sai da boca do Senhor." (Dt 8, 1-3)

Mas qual é a Lei que o Senhor nos apresenta? O livro do Deuteronômio ensina como o povo deve dar a Deus o culto correto, adoração ao Deus verdadeiro, abominando o culto aos falsos deuses e colocando todas as coisas em seu devido lugar. Contudo, um ponto principal edifica toda a lei: o cuidado para amarmos ao Deus verdadeiro com toda nossa alma e temermos o senhor com nossas vidas.

"Assim temerás o Senhor, teu Deus, guardando todos os preceitos e mandamentos que te prescrevo, tu, teu filho e filho de teu filho, todos os dias de tua vida, a fim de que prolonguem os teus dias. Amarás o senhor, teu Deus, de todo o coração, de toda tua alma e com toda a tua força." (Dt 6, 2.5)

Colocando esse pilar como central, é possível edificar todo o livro do Deuteronômio, pois o amor ordenado a Deus, garante o cumprimento de todas as demais leis dando a devida ordem e importância das coisas. Assim, se o Senhor está acima de todas as coisas e é o nosso maior bem, nosso desejo e confiança, onde, em união com o Espírito Santo, ama-se a Deus de todo ocoração e de toda a alma, é possível esvaziar-se de si para preencher-se de Deus. Como consequência, jamais adoraríamos falsos deuses, prestaríamos culto a nós mesmos ou deixaríamos nosso irmão abandonado à própria sorte, pois, somente em Deus amamos verdadeiramente o próximo.

Em suma, a Lei tem duas grandes finalidades, nos colocar no lugar de criaturas para amarmos o criador acima de tudo e dar-nos subsídios e suporte para termos a perseverança necessária para atravessar os 40 anos no deserto. Vivamos também nós a lei do Senhor, sejamos apegados à palavra de Deus, amemos o Cristo, segunda pessoa da Santíssima Trindade, com toda as nossas forças, pois Ele nos libertou da escravidão do pecado e somente em sua palavra suportaremos o deserto de nossas vidas. Sejamos humilhados, provados e testados no amor, mas fiel à Palavra de Deus, para sermos dignos da vida eterna.